04/09/2007

sem ficção

A mulher tava nem aí pro movimento de ônibus e carros e pessoas apressadas pra chegar sei lá onde. Foi ali na Primeiro de Março, umas quase nove e ela tava suja, cabelo arrepiado, olhar de fome, encostada na parede da igreja cinza. Todo cuidado do mundo com uma boneca loira do tamanho de uma menina de dois anos que ela fingia pentear cuidadosamente enquanto resmungava sei lá o quê. Aquilo provocou uma compaixão que durou bem mais que o tempo do ônibus parado no sinal enquanto a cena acontecia.

Tem horas que é difícil demais ser só expectador. Talvez por isso a opção da menina em ser roteirista. Ficou um pensamento: se a história fosse minha, como seria o desenho?

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