29/05/2008

sentindo

Cake no ouvido. Flor de laranjeira no nariz. Pêlo na pele. Mel nos olhos. Gosto de infinito na boca.

Uma eternidade misturada com sal e cigarro. Uma sensação de insanidade saindo pelos poros e entrando pela garganta.

_ Era gosto de alma, então?

28/05/2008

Pela rua não tão larga assim

Bom andar sem compromisso no meio da tarde, nessa rua sem atrativos, sem vitrines bonitas e com a lembrança das loucas propostas lidas na tela do computador. Um tal de querer ficar bonita. Um tal de querer fazer parte do mundo das letras do Parafusa e partilhar os dias com bailarinas, música de circo, sotaques, bandinhas, amores impossíveis e Marias de vários destinos diferentes. Mas nenhuma com um presente menos feliz que a outra.

Sobre os finais...quem quer saber?

27/05/2008

ao som de um bolero

Os dias, mais lerdos que o normal, seguem começando antes da hora, antes do celular despertar, antes da moça do tempo do Globo Rural anunciar o volume de chuvas na Amazônia, antes do elevador de serviço ser ligado, antes do cachorro do vizinho começar a arranhar a porta... Nessa maratona ainda sem sol, os dias só perdem pra esse pensamento ligeiro de querer saber de você.

_ Chega logo, chega.

26/05/2008

Roxy

Ontem eu te vi e tive a sensação de ainda ser anteontem. Por uma brincadeirinha do roteirista, eu entrei em uma porta, a um átimo de cruzar com a família loira e feliz. Assim, sem nenhum propósito, um cartaz chamou a atenção e o corpo foi junto.

Uma vontade sem vergonha de voltar 30 segundos no tempo e cumprimentar. Não por ser uma boa menina educada, mas por uma sapequice de quem gosta de testar a capacidade de reação dos outros diante do inesperado.

Uma vontade indecente de voltar dois, três anos e ver que tempo é uma coisa preciosa demais para ser perdida com choramingos e lamentos pelo que já está decidido.

Uma vontade moleca de rir de felicidade por ter feito a escolha certa e poder curtir, sem compromisso, a tarde bonita do domingo de feriado prolongado.

_ vai um cafezinho na Colombo do Forte de Copacabana?

20/05/2008

Sobre crases e crises

O chefinho bate o pezinho e impõe sua vontade, mesmo quando está errado. Finge com uma convicção quase convincente que saca de comunicação, textos, religião, dietas, futebol e até de revisão gramatical. Jura e brada que não falta uma crase no primeiro "a" da frase: "Seu conceito está ligado a necessidade de estar à frente do tempo". E completa: só você acha que precisa de crase...EU TÔ DIZENDO QUE NÃO...tá errado? Pois vai ficar assim!

Eu entro numa briga de trocar soco, mas não consigo discutir com gente ignorante que, pra se afirmar, precisa gritar e impor a merda de um cargo com palavras em caixa alta.

Dá uma vontade de realmente desistir de mudar o mundo. Dá vontade de deixar errado e ele que se foda na hora de apresentar o material.

Dá vontade...só vontade...

Então, vou lá, tranquilamente e com toda frieza do mundo, pego a gramática, mostro que conhecimento vale muito mais que qualquer grito. Depois vou até o banheiro lavar o rosto e tomar uma dipirona pra passar essa dor de cabeça.

_ Essa TPM longuíssima precisa terminar logo!

Desenho em vermelho

Tem dias, como hoje, em que eu decido D-E-F-I-N-I-T-I-V-A-M-E-N-T-E que mudar o mundo é uma tarefa grande demais para essa menina que tem medo de aranhas.

Mesmo depois dessa decisão TÃO "importante", nada acontece: os copos continuam sujos na pia, o vizinho sempre fala o mesmo tábem?tábem? tábem...o dia começa bem cedo e só acaba lá pelas duas da matina, a menina continua a usar as meias e jogar fora com preguiça de lavá-las, o cheiro de pão doce da "padaria dos tarados" invade a casa de madrugada, os yogurts vencem na geladeira e o pão mofa antes mesmo do pacote ser aberto...

Essa menina quer descansar.

_ Só por hoje, please

Amanhã, quando esse sangue for embora, ela volta a brincar de mudar o mundo.

_ Quem sabe os copos aprendem a se lavar sozinhos...

Bem me quer...mal me quer---------------------------------------------- Ou... um tradutor, por favor!

Não, não é pra se envolver, mas eu vou escrever uma música sobre nosso primeiro encontro.
Não, não é pra se envolver, mas eu vou dividir contigo minha história de vida mais recente.
Não, não é pra se envolver, mas você me faz sentir tranquilo como há muito não me sentia.

Não, não é pra se envolver, e faço isso pro teu bem, pra te proteger.
_ ããã?
Não, não é pra se envolver, porque a gente sabe como termina isso.
_ ããã?!!!

Não, não é pra se envolver, mas eu quero te ver, fazer coisas inimagináveis com você, te beijar, enlouquecer, relaxar, ficar tranquilo, ver filme junto, conversar sobre meus problemas...ser honesto com você e até dizer que estou esperando somente a desculpa certa para esquecer tudo o que houve recentemente, voltar pra casa e ser feliz para sempre, no conto de fadas que na real, só existe dentro da minha cabeça.

_ é?

16/05/2008

Que horas são?

Um pedacinho de papel brinca de desafiar os carros no meio da rua: leve e feliz. Sobe, desce, passeia na altura da janela do 474, faz um looping e se mete entre um carrinho vermelho e outro prata. Fragmentos dessa sexta-feira de manhã, perfeita e sem qualquer plano pronto para o resto de toda a vida.

_ Um dia de cada vez. Num é assim?

E de umdiaoutrodiaemaisoutrodia, se foram três anos nessa maravilha de cidade que causou a revolução de um furacão na cabeça, corpo e coração daquela mocinha corajosa que desembarcou em um certo dia 15 de uma manhã de sol morno. Lá atrás.

A cabeça é outra, mas o cachos pernamecem.
O coração é tranquilo, mas hoje - prometo que só por hoje - bate em disritimia.
O corpo tem o cheiro que não é somente o dela, mas combina tão bem que parece coisa de roteirista de filme da sessão da tarde.

_ São metáforas, baby. Vem cá que eu explico.

E três anos depois, essa menina é uma metáfora bonita, numa letra de música que ela ainda não conhece a melodia.

_ Adorei o presen(ça)te.

13/05/2008

um lapso

No meio do furacão e dessa TPM que me deixa à flor da pele, uma notícia que o menino do 8 adoraria ouvir, se essa menina ainda tivesse disponibilidade pra indisponibilidade dele.

Termômetros e comida sem sabor

Tem dias que sinto frio. É quando essa sensação de que sempre falta alguma coisa, mais me martela. Mesmo se tudo tá perfeitinho: grana, trabalho, estudo, amorzinho, família, casa...ainda me sobra essa insatisfação que vem desde a barriga de mami.

Quando encontro um jeito bobo de driblar essa insatisfação nem que seja por uma tarde de domingo, essa vida vem, olha no meu olho, sorri de canto de boca e arqueia a sobrancelha como que a dizer: peraí mocinha, né assim não.

Aí o frio aumenta até eu ficar com vontade de abraço e os olhos prontos para perderem o controle.

_ Alguém me empresta um edredon? Prometo devolver logo.

(serve um lenço também)

12/05/2008

Domingo sabor Cacau

_ Delícia, hein?
_ Show

Um misto de desejo pro tempo passar arrastaaaado no mostrador do velho som que bem poderia caber na estante e a vontade de ainda ser sábado.

_ opa, essa fala é minha - diz entrebeijoesorrisoesabor

Domingo recheado de coisas que essa menina anda desacostumada como D-I-S-P-O-N-I-B-I-L-I-D-A-D-E, loucurinhas fora de hora, árvores e areia, vontade do lado de lá de estar do lado de cá.

Pensando alto, agora:

_ Por que ninguém me disse antes, que rasgar a página e queimar o livro era a maçaneta da porta de saída?

...

Gosto de Cacau na boca e uma vontade danada de sorrir e ouvir a melodia da música de quinta, pronta.