28/07/2006

Num vai agora não

E de novo a casa vai estar em silêncio de voz, presença, calor, companhia, segurança, felicidade. E amanhã quando o dia amanhecer, tudo vai estar igual e a menina vai estar sozinha e a garganta dela vai doer e a dor vai subir pelos ouvidos e ultrapassar os olhos que não são assim tão fortes quanto ela...

A menina tá com dor de coração.

26/07/2006

Tô com sede

Esse foco no olhar sob a perspectiva do tempo que você sugere como alternativa ao meu desejo por você, não me serve. Causa boca seca e boca seca pede beijo: o seu.

Você me desafia a provocar teu limite e ele se resume a um abraço demorado e uma leve marca de gloss nos teus lábios. Mais que isso, é ir além do teu possível.

Cadê aquele menino que me dizia “jump”? Que provocava minha loucura até a quase insanidade? Que ainda se diz louco, mas tá preso a um respeito “dedicado” a mim. A mim?!

Pois eu grito: NÃO ME RESPEITE!

Eu não quero teorias. Eu quero comer você. Quem sabe, depois te vomitar e aí, com a mistura de mim, talvez você volte a ser aquele menino do cáos que tanto mexe com o meu eixo...ainda.

25/07/2006

Figurino

Camisa de força devia ser um produto vendido em supermercado ou banca de jornal. Talvez em farmácia em uma sessão intituladas "camisas", onde na prateleira de cima estariam as de força e na de baixo as de vênus.

Venda sem prescrição médica e com intruções de uso - sem necessidade da ajuda de terceiros.

24/07/2006

fuego

Essa menina danada sabe que fogo queima, mas tá sempre lá, botando a mãozinha na chama. A expectativa dela é que dessa vez seja diferente.

É nada. Qual é a graça do fogo, se não queimar?

Aperreio

E essa resposta que não chega, esse sono que não vem, essa sede que não passa, esse dia que fica teimando em não amanhecer, essa tarde que não se acaba nunca.

_ menina, pára de pensar.

Devia ser proibido sentir dor na boca do estômago.

20/07/2006

E agora?

Queria ser boa em lidar com as pessoas como sou em derrubar coisas no supermercado. É natural, vou passando, nem precisa tá junto e aquele shampoo despenca da prateleira e se espatifa no chão. É assim com calcinhas nas Americanas, latas de refrigerante no Pão de Açúcar...

Mas com pessoas não sei o que fazer. Tenho medo de desarrumar e não ter como arrumar depois, de derrubar e não ter quem cate.

Não me ensinaram o que fazer depois do start e parece que não vou aprender nunca.

_ Como saber quando é de mais ou de menos?

Quem mandou um beijo?

A menina voltou pra casa, pras tardes de sábado regadas a vodca com Soda, pros sonhos de engolir o mundo.

E daí que ninguém sabe das letras e não sabe dançar? Ela quer mais é ouvir Anselmo e gritar mais alto que um prédio de 30 andares. Ela quer mais é retomar o plano de encontrar o infinito, como antigamente.

Acho que a menina tá voltando mesmo pra casa. Será que ainda tem alguém aí?

18/07/2006

Num pare não...

Menino, pare com isso!

Pare de prolongar falas que devem ser curtas. Pare de querer saber coisas da minha infância. Pare de me chamar pra conhecer seu mundo. Pare de me dar atenção. Pare de perguntar o que fiz no final de semana.

Pare de testar minha civilidade
e minha curiosidade
e meu auto-controle
e meus limites
e minha vontade de prolongar a conversa, te contar sobre minha infância, conhecer seu mundo, receber sua atenção, responder o que fiz no final de semana...

Pare!

Igual à musica, eu "me apego facilmente ao que desperta o meu desejo" e meu desejo já está desperto...

16/07/2006

Pra eu lembrar

Quem não sabe brincar não brinca!

14/07/2006

Tem jeito não...

Lembro do dia em que resolvemos brincar correndo ao redor de um poço sem tampa com mais de 30 metros de profundidade. Lembro do azar de meu pai passar exatamente na melhor hora. Lembro da surra. Lembro que voltamos outras vezes - sem medo da fundura ou das doídas lapadas do cinto de couro.

Menina teimosa! Até hoje continua a brincar ao redor de poços.

13/07/2006

Tô pronta

A menina pensou que não ia conseguir olhar de novo sem ressentimento, mas conseguiu. Ela pensava que a nova situação iria doer com antigamente e apertar a boca do estômago até ela chorar, mas não doeu e ela não chorou.

_ Acho que a menina tá curada e crescida.

As plantas também ficaram mais fortes nesse meio tempo e criaram folhas novas que quase não cabem nos vasos. Essa menina devia gastar mais tempo observando as plantas.

11/07/2006

like teen spirit

Sei lá se tem relação com o tempo ou com essa doidice que me toma conta de vez em quando, mas tudo começa com um bater de asas embaixo das costelas. Vai fazendo vento, fazendo vento, fazendo vento e...acelerando a respiração.

Nessas horas sei que vai haver uma virada de página no Caderno Amarelo da menina...só não sei em que parte da história.

Deve ser o vento que vem das asas que moram embaixo das costelas soprando e mexendo nas folhas do Caderno.

_ e a menina não tem medo?

_ Tem medo sim, mas ela sabe que precisa desalinhar as cores do cubo mágico; senão morre de tédio com a monocromia.

Para Faty que faz anos

A gente sabe quando tá perdendo o juízo quando uma bela noite vai dormir e sonha com uma missa em que o padre, durante o sermão, tenta convencer os fiéis a comprar os produtos da Caixa Econômica Federal.

A gente sabe que precisa tomar um pote inteiro de shake diet quando dá um pulo na cama da mãe e ouve um forte estalo...a cama quebrou.

A gente sabe que tá out of control quando pinta o cabelo de loiro escuro e acha que ficou claro demais e na semana seguinte joga um preto por cima e acha q ficou escuro demais e na outra semana bota um chocolate e acha que ficou sem graça demais e sete dias depois repinta com...

A gente sabe que é doidinha de pedra quando no meio de uma festa junina se fantasia de "Maria Bonita" e dança um troço estranho com os braços duros dizendo que é um "mizifíio".

A gente sabe que é mais doida ainda quando estuda estuda estuda e passa em três concursos - assume o primeiro e pede demissão pra assumir o segundo e depois pede demissão pra assumir o terceiro.

_A gente sabe que é muito bom ter Faty assim, do jeito que ela é...né fia?

08/07/2006

Falta uma mesa na sala de jantar

O lugar tá lá vazio e não era pra estar. Na imaginação da menina, tá tudo desenhado e bem distribuído por alguns instantes. Depois, o vento, que entra pelos ouvidos, mistura tudo de novo e cria um eterno movimento de construção e descontrução que às vezes dá uma canseira.

Agora a menina tá cansada e vai deixar a sala toda misturada. Falta coragem a ela pra ver que a arrumação não é real.

Acho que meu amigo Bruce tem razão quando justifica porque dorme de óculos: "é pra enxergar melhor os sonhos"...

...e quem não usa óculos, como eu?