26/05/2006

Homem com "H" e poodle

Tem um bocado de coisas nessse mundo que não combinam de jeito nenhum...

22/05/2006

Descolada!!! quem?

_ dois pastéis, por favor

_ de que moça?

_ um de frango com catupiri e outro de carne

...

_ Ah Zé, deixa que eu atendo ela...carne e frango né?

_ é sim, quanto custa?

_ custa nadinha se você me disser seu nome

...

A menina ganhou os pastéis, ficou vermelha, sem fala e, ainda não teve coragem de voltar na pastelaria...pena, o pastel de lá é tão gostoso.

out of control

Me faltam degraus entre o cérebro e a língua. Talvez por isso tem coisa que eu nem acabei de pensar e já falei...tem vezes que a língua empurra a fala pra fora da boca e meu desejo era engolir tudo de novo...nessas horas em que "play" perde o controle, apertar o "pause" não é a melhor saída.

_Disfarçar?

_ Nem sempre eu consigo e fico com vergonha

Em um canal fechado

Tem coisa mais sem graça que paixão com medo? - Tem não...

Se é pra ficar se policiando, medo de doer, medo de nao dar certo, medo de se entregar, medo de acabar, medo de se envolver... melhor nem inventar.

O bom de se apaixonar é viver todas essas possibilidades e viver de novo e de novo e de novo....seja por 30 minutos ou por 30 anos

Só uma regra vale: o cuidado de não repetir roteiros, senão a seqüência de cenas fica chata e sua série de TV perde em audiência

Paixão sem paixão tem gosto de soro caseiro

Quem sabe ainda sou uma garotinha...

É tão ligeira a areia da ampuleta quando a vida caminha como a gente quer.

Era um domingo de sol, esses dias em que o sol que não esquenta, que o céu fica azulzinho e mesmo assim todo mundo tá de agasalho na rua porque tá sentindo frio...típica manhã de maio.

- Que lugar doido...nunca vi sol que não esquenta...será que é assim pra sempre? Eita, e eu só tenho dois casacos quentinhos e um edredon...Cadê o Rio 40º que Fernada Abreu canta?...que doidice, só conheço uma pessoa nessa cidade todinha... a culpa é do ar - elemento natural do meu signo que faz eu ir indo, indo, indo...

Nada amarrava visivelmente aquela cena, nem os pensamentos da menina. Só ela sabia que a areia corria no ritmo certo. Era 15 de maio de 2005 - o primeiro dia do resto da vida dela, a chance de começar toda a vida de novo em um lugar novo, emprego novo, gente nova, novas janelas, novos ares, novos sorrisos...novos desafios novos...

A menina que sempre precisou de pequenas revoluções se via diante de uma uma fascinante guerra, que, em muitas horas seria dela contra ela mesma...

A areia correu rápida demais e lá se foram mais de 365 dias que trouxeram pessoas boas, conhecimentos, paixões rápidas, esquecimentos (será?), mais desafios...

Nesse tempo, a menina aprendeu que o sol claro só não esquenta no mês de maio - mas em dezembro passa dos 40º, que saudade grande dá dor na boca do estômago, que chorar por amor faz parte do amadurecimento, que pessoas boas estão em todas as partes e sempre chegam na gente, que ela é a pessoa de mais sorte nesse mundo, que essa cidade tem um feitiço, que ela não tem que ser forte todo o tempo e que em algumas horas é só uma menina...

aprendeu que a ampuleta tem o ritmo que a gente vê e que o tempo corre quando a gente tá feliz...

parece que foi ontem que a menina desembarcou

16/05/2006

Fantástico mundo de Bob

Toda vez que vejo um homem com cabelo arrumadinho sinto um impulso danado e quase incontrolável de ir lá desarrumar, tirar do lugar, subverter, despentear. Sei lá de onde vem isso, mas também, pra que saber?

Sei que homem com cabelo fora da linha é uma coisa que chama minha atenção. Só o cabelo não, o conjunto meio desmantelado, sem muita preocupação a não ser com a liberdade de existir, independente da convenção da beleza, da estética, da academia, da barriga sarada...do resto do mundo.

Esses belos espécimes da fauna masculina tão nem aí pra nada, tão nem aí pra ninguém....juro, eu não resisto a ficar olhando e desejando saber quem é, o que faz, se é cafa (não confundir com cafajeste, que é outra coisa), se o beijo é mordido, se gosta de cinema, da música de Nando Reis, se usa tatuagem...qual a cor do mamilo...

...ai, ai...se for rosado...danou-se...eu caso e tenho filhos.

Conversa de meninos

...
_ Cara, quando tu for casar, casa com uma mulher doida...
_ É mesmo, bicho?
_ É cara, é uma diversão só...diversão todo dia.
...

Alguém aí me diz, por favor, o que é uma mulher doida no limite de causar um encanto tão grande.

13/05/2006

Correspondência sem CEP

Tenho mania de perder coisas. Sempre foi assim. Perco as canetas, os lápis, o ônibus, a hora, a paciência, o freio na língua, a noção do perigo, o sono, os limites, o juízo, a compostura...perco pessoas, palavras e, tem horas que perco o chão.

Essas são as horas mais estranhas porque parece que também perco o mapa dos bolsos e não sei onde colocar as mãos; perco a força do pescoço que insiste em olhar pra baixo; perco a umidade da boca...perco a voz e o controle das batidas do coração.

Nessas horas, de propósito, demoro a me recompor.

Se o outro perde a paciência...eu perco o encanto.

12/05/2006

Libriana

Dia. Interna. Porta do elevador. Nono andar
- Vai chover, pega o guarda-chuvas
- Vai chover nada, vambora que o elevador já tá passou do sexto andar

Dentro do Elevador
- Tô dizendo, vai cair o maior pé d'água, era melhor ter voltado e pego o guarda-chuva
- Relaxa...você se preocupa demais...
- Se preocupa é?..passar o dia inteiro molhada de chuva é a melhor coisa quando o objetivo é pegar resfriado
- Chegamos, vai, sai logo e pára de pensar no depois

Porta da rua. Maior chuvarada.
A velha e a adolescente que moram dentro de mim se calam de repente. Aproveito o silêncio e, num ato de rebeldia caminho na calçada molhada com a chuva no rosto - que delícia!!! Depois entro na primeira farmácia e compro um Redoxon.

Vida alheia

Acho tão bom ouvir conversa dentro do ônibus. Aproveito e alimento minha natural curiosidade sobre a vida dos outros. Teve um tempo em que eu cheguei até a pensar em anotar e romancear os causos. E olha, tem cada história...

Meu ouvido já é treinado pra coisa e consigo ouvir até mais de uma história ao mesmo tempo. Imagino a vida da pessoa que tá contando, traço um perfil, invento o que ela faz, transformo a vida dela em um roteiro que se acaba quando desço do busão.

É minha diversão matinal.

Hoje de manhã sentei na cadeira atrás de uma moça meio perturbada – no meu roteiro é solteira, mora com a mãe, nunca se casou, coleciona bonecas Barbie, toma remédio pra dormir e tem mania de perseguição – poderia se chamar Helena, ou Leninha para os muito íntimos (porque ela não gosta de intimidade com qualquer um). Ela sentou ao lado de uma velhinha e danou-se a falar... falou do pai que é separado da mãe, do trabalho que ela ganha menos do que deveria, do café da manhã que tava quente e queimou a língua, do engarrafamento no aterro, das pessoas que fecham a janela do ônibus, do prédio do hospital que está em reforma, dos pombos que causam doenças, do frio que tá chegando...e a velhinha nem um piu. Caladíssima a viagem inteira – acho que era surda.

Fico pensando no que leva uma pessoa a falar de toda sua vida com um desconhecido dentro do ônibus e confesso, sinto pena dessa gente carente.

Mentira. Sinto pena nada. No fundo, eu adoro esses doidos que alimentam meus roteiros ligeiros que se acabam quando levanto e puxo a cordinha.

11/05/2006

Onde fica a tecla Del?

Esse frio vem subindo pela ponta do dedão do pé e vai até a barriga. 14 graus marca relógio da rua. Aqui dentro tá abaixo de zero. Parece que passar dos trinta não transforma a gente em senhores e senhoras fortes e decididos. E esse frio que sobe pela perna toda vez que vem uma novidade, não larga a gente nunca.

Tem horas que eu queria não me importar, tem horas que eu até nem me importo, mas acreditar que esse não importar é pra sempre, é uma queda de braço que eu sempre perco.

Que bom que infinito é diferente de eterno.

Eu até já sei o que vai acontecer na data que já ta marcada ... o frio vai chegar sem pressa, sorrateiro, entrar pela ponta do dedão do pé, subir pela perna e, dessa vez, não vai ficar só na barriga, vai tomar conta do corpo todo...

Quem sabe o frio traz um resfriado e eu consigo expulsar tudo com alguns espirros. I wish...

03/05/2006

longe do teu lado

A menina tinha medo do longe, mas não podia admitir essa fraqueza, até que o longe ficou perto e ela aprendeu que distância não se mede em metros.