11/03/2008

Socorro, não estou sentindo nada

Calada. Não ouvindo a batida do salto da sandália no piso de taco. Calada esperando o tliintliinn da mensagem telefônica que não chega - nem vai chegar. Calada tentando ouvir o "coração que já não bate nem apanha" como diz a música do meu nome.

Calada.

Um silêncio rico de palavras não ditas por você como pequenos sinais que agora são grandes - do tamanho dessa sensação de rejeição que é canalizada para o botão de velocidade da esteira, de manhã cedo demais. (Pelo menos queima caloria, emagrece, produz endorfina e gera uma emoçãozinha mixuruca que se esvai dentro do 474 a caminho do centro).

Não, eu não quero a fala (nem o falo), mesmo que essA seja, nesse momento, o maior desejo dessa menina. Não quero mais encontros sem data para o próximo. Não quero mais um "sábia decisão" depois de uma decisão contrária ao meu desejo. Não quero flores virtuais nem mensagens de saudade remetidas do meio do mar.

_ E esse tratamento que não termina.
_ E essa vontade de beber até o riso - que tá preso e difícil e duro e enferrujado e insosso- afrouxar.
_ E essa mania de pensar que faço falta.
_ E esse telefone que não faz nenhum tliintliinn.
_ E essa vontade de pegar o metrô e descer aí no largo do Machado com meu melhor beijo.
_ E esse número 8 que não sai da memória, mesmo fracionado em 4zero4.

_ Ah, calaboca, menina!

Silêncio. Ponto.

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