22/05/2006

Quem sabe ainda sou uma garotinha...

É tão ligeira a areia da ampuleta quando a vida caminha como a gente quer.

Era um domingo de sol, esses dias em que o sol que não esquenta, que o céu fica azulzinho e mesmo assim todo mundo tá de agasalho na rua porque tá sentindo frio...típica manhã de maio.

- Que lugar doido...nunca vi sol que não esquenta...será que é assim pra sempre? Eita, e eu só tenho dois casacos quentinhos e um edredon...Cadê o Rio 40º que Fernada Abreu canta?...que doidice, só conheço uma pessoa nessa cidade todinha... a culpa é do ar - elemento natural do meu signo que faz eu ir indo, indo, indo...

Nada amarrava visivelmente aquela cena, nem os pensamentos da menina. Só ela sabia que a areia corria no ritmo certo. Era 15 de maio de 2005 - o primeiro dia do resto da vida dela, a chance de começar toda a vida de novo em um lugar novo, emprego novo, gente nova, novas janelas, novos ares, novos sorrisos...novos desafios novos...

A menina que sempre precisou de pequenas revoluções se via diante de uma uma fascinante guerra, que, em muitas horas seria dela contra ela mesma...

A areia correu rápida demais e lá se foram mais de 365 dias que trouxeram pessoas boas, conhecimentos, paixões rápidas, esquecimentos (será?), mais desafios...

Nesse tempo, a menina aprendeu que o sol claro só não esquenta no mês de maio - mas em dezembro passa dos 40º, que saudade grande dá dor na boca do estômago, que chorar por amor faz parte do amadurecimento, que pessoas boas estão em todas as partes e sempre chegam na gente, que ela é a pessoa de mais sorte nesse mundo, que essa cidade tem um feitiço, que ela não tem que ser forte todo o tempo e que em algumas horas é só uma menina...

aprendeu que a ampuleta tem o ritmo que a gente vê e que o tempo corre quando a gente tá feliz...

parece que foi ontem que a menina desembarcou

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